O apagão

10 maio 2025

O dia 28 de abril de 2025 ficará marcado como o maior apagão ibérico que há memória. Foram 11 horas e meia sem energia num dia que trouxe muita aprendizagem e regresso ao passado.

Saindo mais cedo do trabalho, regressei a casa na minha mota cujo depósito tinha sido atestado na antevéspera. Como as operadoras de telecomunicações só tiveram autonomia nas suas torres para quatro ou cinco horas, depois disso ficou-se sem rede móvel. Não tinha como saber onde andava a minha mulher, apesar de ter uma ideia de onde ela poderia estar…

Cheguei a casa e verifiquei que já não havia água, pois a autonomia das centrais elevatórias da rede de água também tinha chegado ao fim e só as zonas mais baixas ainda conseguiam ter alguma água nas torneiras.

Munido da minha Vision decido procurar a minha mulher. Dirijo-me para a cidade e vejo o caos do trânsito, as filas para os postos de combustível e as corridas aos supermercados.

Pude constatar que a maioria dos postos de combustível não têm geradores, a frustração dos condutores era evidente. Olho outra vez para o meu indicador de combustível, e apesar de dois dias se terem passado desde que atestei o depósito, ele indica que está cheio e isso tranquilizou-me, apesar de não ter encontrado a minha mulher no primeiro sítio onde imaginei. Rumei novamente para fora da cidade e finalmente encontro-a, sorrindo ao ver-me chegar de mota. O caos no trânsito e a crise energética que vivemos naquele dia não me impediu de a contactar.

A minha mota ajudou-me a ultrapassar as dificuldades desse dia e agora, apesar de hoje ainda ter meio depósito abastecido no dia 26 de abril, começo a pensar que é uma boa ideia ter outra tanta gasolina armazenada na garagem para uma eventualidade. O depósito da Vision 110 é pequeno, tem capacidade apenas para 4,9 litros, apesar de oferecer uma enorme autonomia por conta da eficiência do motor Honda. Então, armazenar mais 5 litros na garagem não será nada de mais e fará uma enorme diferença numa crise energética mais prolongada.

Voltei, como antigamente, a ir ao poço buscar água e também aos fontanários, cuja água cristalina e fresca foi colocada em bidões e trazida para casa.

Vitória para a minha Honda Vision 110 e para o rádio a pilhas, que nos permitiu ouvir as estações emissoras sem qualquer interrupção, recebendo as notícias e as informações do apagão com enorme resiliência.

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