No rasto do sorriso

Eu e a Vision partimos em direção a Lomar, num dia quente, mas com vento agradável, que agitava a roupa, a pele e os pensamentos. O trânsito estava presente, mas nada que atrapalhasse a viagem; fluía com a leveza de quem percorre ruas conhecidas. Ver outros motociclistas na estrada é sempre uma alegria — um contraste reconfortante com o silêncio do inverno e mais uma desculpa para sair de casa e sentir a estrada sob rodas.
Chegámos junto à casa de um colega, onde a recolha do equipamento do Sporting Clube de Braga, personalizado para o meu enteado, aconteceu em total descontração: calções, chinelos, esplanada às moscas. O calor convidava a pouco mais que bebidas frescas, ambientes climatizados e água de praia fluvial. No banco da Vision, o vermelho e branco do equipamento fundia-se naturalmente com o brilho da mota, como se tivesse sempre pertencido ali.
O sol transformava cada superfície numa presença quase tátil — o asfalto escaldante sob a Vision lembrava-me a força do verão, intenso e capaz de fazer a cidade brilhar de maneira própria. Apressei-me tanto na ida como no regresso, não pela urgência, mas movido pela expectativa de arrancar um sorriso. E foi precisamente isso que aconteceu: um enorme sorriso, intenso, simples e genuíno, capaz de iluminar muito mais que o calor do verão.
Pequenos gestos que valem toda a viagem — e cada instante vivido em cima de uma mota.