Motociclos nas faixas BUS
Foi aprovado recentemente pelo Parlamento português um conjunto de medidas que visam melhorar a mobilidade e a segurança dos motociclistas a nível nacional. Durante o debate parlamentar foram aprovadas várias medidas. A que me parece mais importante é de facto a universalização do acesso dos motociclos às faixas BUS, algo que já era possível em determinados concelhos através de aprovação municipal, tendo sido o Porto o pioneiro em Portugal a aplicar a nova legislação, que de resto, já era existente em inúmeras cidades por esta Europa fora. Lisboa, acabou por seguir-lhe o exemplo e depois outras cidades de média dimensão, como Braga. No entanto, esta situação criava injustiças territoriais, beneficiando apenas parte da população motociclista. A aprovação no Parlamento alarga finalmente esta medida a todo o território nacional, sem discriminações, obrigando a uma revisão do Código da Estrada.
A intenção é quanto a mim bastante óbvia, pecando apenas por tardia: garantir que os motociclistas possam circular livremente nas faixas destinadas ao transporte público melhora a mobilidade urbana e incentiva a utilização de uma alternativa muito mais sustentável que o automóvel e mais eficiente no trânsito das grandes cidades. As faixas BUS estão em muitos casos subaproveitadas e esta medida surge num contexto de crescente congestionamento urbano e da necessidade de otimizar o espaço à medida que se vai verificando o aumento dos veículos nas cidades. Com a intensificação do trânsito, os motociclos são uma opção mais ágil, eficiente e económica.
A universalização do acesso dos motociclistas às faixas BUS trata-se de um avanço na melhoria das condições de mobilidade e segurança e deve abrir portas a um futuro mais sustentável, com maior eficiência no uso das infraestruturas existentes.
É necessário repensar as infraestruturas rodoviárias e desenvolver soluções que criem, por exemplo, zonas de proteção junto aos semáforos e o aumento do estacionamento destinado a motociclos. Este último ponto é um enorme desafio para as cidades portuguesas. A falta de estacionamentos destinados exclusivamente a motociclos obriga a estacionar em locais impróprios ou a competir com os veículos de quatro rodas por espaços limitados. Arranjar soluções adequadas para o estacionamento de motociclos deve ser também uma prioridade para melhorar a circulação e incentivar a utilização destes veículos nas áreas urbanas.